Páginas

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Máscaras


Estavam despidos. Diante dos meus olhos não havia segredos, mistérios, nem incógnitas. Éramos somente nós, a brisa do mar e um sol que se punha.
O olhar era firme, parecia real e sincero. As palavras eram poucas, mas as pronunciadas eram doces e singelas. Pela primeira vez, resolvi não reter-me e entregar-me ao momento, não a você.
Aproveitei imensamente cada fração de segundos, embebedei-me com sua sede de amor e mostrei um mundo novo para você. Oh, quão foi ingênuo! Olhava-me como se eu soubesse de tudo, e era incapaz de perceber que tudo era também tão inédito para mim...
Logo depois a brisa parou e a noite chegou seca e escura, não havia estrelas, lua; as nuvens cobriam qualquer vestígio de luz. Olhei para o lado, e você não estava mais ali. Meu coração não acelerou, manteve o ritmo, eu sabia o caminho de volta e a sua ausência, na prática, contrariou a teoria, e não fez diferença alguma.
Os dias após aquele seguiram tranquilamente bem, sem lembranças dolorosas, saudades e lágrimas. Era compreensível a inexistência de sentimentos, pois jamais foi parte da minha rotina anseios pelo irreal. Se entregar apenas aos momentos ajuda-nos a não lastimar, e lembrar deles em primeiro plano, as pessoas acabam ficando para o último.
Mascarado, camuflado, irregular. Pensei que máscaras fossem usadas apenas no carnaval. Mas vejo o quão equivocada estou . As pessoas as usam diariamente , e muitas são imperceptíveis .

Nenhum comentário:

Postar um comentário